“Não há erros nem fracassos, apenas feedback.”
E se…
E se riscássemos do nosso vocabulário as palavras erro e fracasso? Como seria? Faça este exercício comigo: lembre-se de algo da sua vida em que considera que errou ou mesmo que fracassou. Agora elimine a palavra fracasso ou erro desse episódio e pense nele como uma oportunidade para aprender e uma experiência que o/a tornou mais maduro/a e sábio/a. O que acontece? Como se sente?
As conotações das palavras têm efeitos específicos sobre nós. Falha, fracasso e erro são palavras com conotações negativas e levam a um estado interno de desmotivação, vergonha, impotência e tristeza, além de uma atitude de autocrítica. Aprendizagem e feedback, pelo contrário, são palavras com conotações percebidas como positivas e levam a uma sensação de oportunidade, confiança e crescimento, com uma atitude de autoaceitação.
Estas palavras refletem o significado que atribuímos, de forma automática e condicionada, aos desafios e obstáculos do caminho. As palavras e significados que provocam estados internos mais positivos são responsáveis pela motivação para perseverar ou desistir, influenciando inclusive o autoconceito e consequente autoestima.
Por essa razão, a expressão “Não há erros nem fracassos, apenas feedback” é um dos pressupostos da PNL – Programação Neurolinguística.
O medo do fracasso, da falha e do erro é algo que nos foi ensinado
Não é por acaso que a maior parte das pessoas têm medo do fracasso, da falha e do erro. Este é considerado um dos maiores medos do ser humano na atualidade. Associamos a falha com o desamor, o desmerecimento e acabamos por sacrificar a autenticidade e a paz interior, alimentando um estado de ansiedade e medo. Um medo muito maior e profundo: o medo de não ser amado.
Desde cedo somos condicionados à ideia de que não deveríamos errar. Ainda há relativamente pouco tempo, erros simples e normais na escola davam direito à famosa palmatória. O castigo físico acabou, mas sobreviveu o conceito, com o x a vermelho em cada erro ou um vergonhoso zero. Uma criança tende a pensar que não é suposto errar nunca. Como se o erro e consequente feedback não fosse essencial à aprendizagem e fosse algo vergonhoso e indigno.
Num estado de confiança, a aprendizagem e o desempenho melhoram
O método é conhecido como a educação pelo medo. Sabemos hoje com a evolução das neurociências que um estado de relaxamento e confiança possibilitam um melhor desempenho cognitivo e memorização mais eficiente. Felizmente já há muitas escolas com um ensino mais adaptado à natural apetência humana pela aprendizagem.
Assim, há uma tendência a partilhar sucessos e esconder falhanços, quando estes são tão ou mais úteis aos outros quanto as empreitadas bem-sucedidas.
Sucesso é uma palavra inspiradora e o que é interessante é que pode significar uma coisa diferente para cada indivíduo do planeta. Para alguns até significa o que supõem que os outros entendem como sucesso.
No entanto, é ao analisar os erros e falhas que com frequência encontramos as informações mais úteis para um melhor desempenho.
Ao fornecer as fórmulas do sucesso, muitas vezes fica esquecido nas entrelinhas o facto de serem o resultado de aprendizagem e feedback.
O feedback só pode aparecer quando, primeiro, reconhecemos que não estamos a obter os resultados que queremos e, segundo, observamos o que fizemos e introduzimos uma forma ou comportamento diferente para alcançar o resultado. É exatamente quando transformamos os obstáculos e fracassos em aprendizagem que aumentamos o nível de oportunidades, crescimento, maturidade e sucesso.
Libertação para comportamentos mais funcionais, saudáveis e úteis
Parece simples? Pois, mas estudos realizados indicam que há uma clara relutância para admitir e partilhar investidas malsucedidas. Se isto é claro na vida pessoal, no mundo empresarial torna-se ainda mais evidente. Uma das mais difíceis tarefas de um líder é levar os elementos da sua equipe a partilhar sem receio as suas falhas ou dificuldades de modo a poder fornecer o apoio e aprendizagem necessária para um melhor desempenho da equipe.
Um exemplo desses estudos dedicou-se à ideia de “efeito avestruz”, sobre a contínua aversão a fracassos futuros ou em andamento, levando a comportamentos menos saudáveis. (Thomas Web e colegas, Universidade de Sheffield.
Christian Jarret, num artigo publicado na BBC Worklife, analisa este e vários outros estudos indicativos do fenómeno: https://www.bbc.com/worklife/article/20200616-the-learning-opportunities-hiding-in-our-failures
Ao trabalhar diretamente com a linguagem e os seus efeitos neurológicos, a PNL permite um reenquadramento profundo de crenças limitadoras e liberta para comportamentos mais funcionais, saudáveis e úteis.
Texto de João Batista, Terapeuta
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